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População de Cocal e Buriti dos Lopes aproveita subsídio para comprar utensílios domésticos
08/07/2009 - 00:11:00  
  
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“Esse dinheiro vai servir para nos ajudar a começar tudo novamente, tudo o que a gente construiu ao longo da vida, com muito suor e trabalho, e as águas levaram”. Essas são as palavras da agricultora cocalense Francisca Maria Silva, de 67 anos, que, junto com outras 549 pessoas, recebeu o auxílio financeiro do Governo Federal, destinado a amparar famílias que tiveram perda total dos bens, devido ao rompimento da Barragem Algodões I. Cada beneficiado terá acesso à quantia de R$ 5 mil para adquirir móveis e eletrodomésticos.

Francisca Maria - que morava na comunidade Cruzinha e hoje vive com seu filho em uma casa emprestada por um amigo da família – recebeu a primeira parcela do benefício, no valor de R$ 500 reais, na semana passada. A idade avançada lhe trouxe muito mais que experiência, fazendo dela uma pessoa prevenida. “Guardei boa parte do dinheiro, porque, por enquanto, estamos conseguindo se manter; talvez, lá na frente, ele possa ter mais serventia”, confessa a agricultora. Ao receber a quantia inicial, o beneficiado assina um termo de compromisso e pode gastá-la da forma que achar conveniente.

Cocal**Francisca Maria e seu filho

Da propriedade de Francisca Maria, onde também cultivava vários tipos de cultura, ela conseguiu salvar apenas os documentos, uma mesa e três sacos de milho, que estão servindo para alimentar algumas galinhas que comprou para ocupar seu tempo. “Foi com trabalho que consegui tudo e sinto falta da vida que eu tinha lá; a alimentação desses animais ajuda a me distrair”, declara, com um sorriso, a agricultora.  

Para receber a segunda e última parcela do auxílio – que, necessariamente, deve ser utilizado na compra de móveis e eletrodomésticos – o beneficiado deve escolher os utensílios de sua preferência e apresentar as notas fiscais na agência do Banco do Brasil para que o saque seja liberado. Segundo Roberto Gualter, coordenador de desenvolvimento humano da Secretária de Assistência Social e Cidadania (Sasc), a partir desta quinta-feira (09), a segunda parcela do auxílio será liberada.

Vendas aquecem o mercado local

Com o rompimento da barragem, José de Paula Costa perdeu sua casa, a plantação e os bichos que utilizava no sustento de seus cinco filhos. Desde então, ele está abrigado na casa da mãe, na Zona Rural de Cocal, já que não se imagina longe do campo. “Não gosto da cidade; só venho mesmo quando não tem outro jeito”, confessa o agricultor. Na tarde de ontem (07), o motivo da ida à cidade foi mais que especial: Ele estava escolhendo os utensílios domésticos para pagar com o dinheiro do auxílio.

Cocal**José de Paula (de boné), escolhe seus móveis

“Vou levar uma mesa, cadeiras, ventilador, fogão, TV e até pratos e outras coisas menores; eu perdi tudo e, se não fosse essa ajuda, não saberia como começar, pois não teria condições de comprar nada disso”, comenta o agricultor.

O dinheiro está sendo entregue tanto nas agências de Buriti dos Lopes, como em Cocal. Durante todo o horário de atendimento da instituição, equipes de assistentes sociais da Empresa de Gestão de Recursos do Piauí (Emgerpi) e Sasc, além de representantes da Defesa Civil permanecem no local, dando orientações e esclarecendo dúvidas. Diariamente, o Governo do Estado também mantém um posto de atendimento ao público, montado ao lado do Mercado Municipal de Cocal.

A notícia da liberação do auxílio financeiro movimentou as quase 10 lojas de móveis e eletrodomésticos de Cocal, que trabalham para atender essa demanda excepcional. Segundo Claudete Sousa, vendedora de uma loja em Cocal, “as vendas aumentaram e, apesar de o estoque local ser pequeno, as lojas da cidade conseguirão atender toda a população”. Isso porque, explica a Claudete, alguns produtos serão entregues somente dentro de 30 ou 60 dias, já que alguns beneficiados esperam a reconstrução de suas casas para poder instalar os novos utensílios.

Terrenos para a reconstrução das casas já começam a ser negociados

 Ao todo, serão reconstruídas 532 casas nas cidades de Buriti dos Lopes e Cocal. Como a prioridade é a construção de agrovilas, longe das áreas de risco, os órgãos do Governo do Estado e das prefeituras municipais das duas cidades estão negociando os terrenos onde as casas serão construídas.

Em Buriti dos Lopes, por exemplo, onde serão erguidas 184 moradias, já há três terrenos negociados, onde serão formadas agrovilas. De acordo com Ismael Lima, presidente da comissão de Defesa Civil da cidade, 154 famílias concordaram em morar nesses locais, que também deverão dispor de uma escola e um posto de saúde. Os demais beneficiados preferiram ter suas casas construídas de forma pulverizada.

“As máquinas e o material devem começar esse trabalho ainda esta semana, em um terreno de 100 hectares da comunidade Salgadinho, onde serão abrigadas 41 famílias; um topógrafo da Agência de Desenvolvimento Habitacional (ADH), responsável pela obra, já chegou na cidade para demarcar o terreno”, explica Ismael.

O Governo do Estado tem 180 dias para entregar as casas para os beneficiados que tiveram perda total e foram cadastrados pela Defesa Civil, assistentes sociais, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Agência de Defesa Agropecuária do Piauí (Adapi) e Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).

Por Thaís Araújo

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