Raimundo Ferreira, mais conhecido como Cipriano possui uma história de luta que poderia ser aplicada a várias pessoas que, como ele, moram na Zona Rural do Piauí. Ele se acostumou ao trabalho duro da roça, até que, há 33 anos, passou a labutar com outra atividade: a usina que beneficiava o calcário extraído da Jazida Luanda, situada próximo de sua casa. Dessa forma, ele garantiu o sustento de sua família até o ano de 2002, quando ela foi desativada.
Assim como Cipriano, muitas famílias da região se sustentavam com a renda gerada pelos trabalhos da Usina da Meruoca, que fica a 47 quilômetros de Teresina, na Zona Rural do município de José de Freitas. Após seis anos, a usina recebeu investimentos em sua infra-estrutura e foram contratados 35 empregados para voltar a produzir e comercializar o calcário. A reabertura da Usina da Meruoca é mais uma ação da Empresa de Gestão de Recursos do Piauí (Emgerpi), que herdou a usina da extinta Companhia de Desenvolvimento do Piauí (Comdepi).
A Usina da Meruoca foi totalmente reformada e ganhou banheiros, um prédio administrativo, guaritas de segurança, restaurante, depósitos de estoque e ferramentas, além da casa de força. Esta semana, os empregados do local receberam todo o equipamento necessário para manter sua integridade física durante os trabalhos na usina e na jazida. Sandra Oliveira, que é consultora na área educacional, esteve no local para orientar os contratados sobre a importância e forma correta de utilização dos equipamentos.
“É importante que vocês se conscientizem que estes equipamentos vão ajudar na segurança individual de cada um”, enfatizou Sandra Oliveira, que também já descobriu uma escola que fica próximo à usina e deve incentivar os empregados a iniciar ou retomar os estudos. “Isto é o básico. Até para conhecer as instruções de utilização dos equipamentos, é necessário, no mínimo, que a gente saiba ler e escrever”, destacou a educadora.
Alex Nascimento, gerente da Usina, também esteve presente no local. "Desde o início a nossa relação com vocês tem sido de respeito e a entrega destes equipamentos é mais uma prova disso. Temos que trabalhar para que a Meruoca seja referência na produção de calcário", declarou o gerente.
Pessoas que já trabalharam na usina e gente que nunca conseguiu um emprego com carteira assinada têm hoje a oportunidade de trabalhar. Mãe de dois filhos, Francisca Pereira tem 32 anos e acaba de ser contratada para atuar no restaurante da usina. “Isto é a realização de um sonho, pois sempre tive vontade de conseguir um trabalho que assinasse minha carteira e garantisse meus direitos”, destacou Francisca.
Com os investimentos, a usina adquiriu capacidade mensal de produção de 1400 toneladas por mês e estudos revelaram que a jazida pode ser explorada por até 50 anos. “Trabalhei durante muitos anos aqui e, quando a usina fechou, tive que tirar o sustento da lavoura de cana; era muito triste ver a usina parada e a gente precisando emprego”, afirmou Édson Pereira, que possui 48 anos.
Além disso, 33 casas de taipa que ficam na entrada da usina e pertencem a alguns funcionários estão sendo reformadas. A do seu Cipriano já está pronta. “Hoje eu estou vivendo outra vida, pois muitas pessoas vieram aqui para dizer que iriam reativar a usina e isto não passava de promessas. Agora ela está toda bonita e eu ganhei até uma casa nova”, afirma Cipriano.