O primeiro leilão de imóveis da Empresa de Gestão de Recursos do Piauí levou muitos interessados ao Centro de Convenções nesta terça-feira(21). Pessoas em busca do sonho da casa própria, desperdiçado por mutuários que não priorizaram o imóvel que conseguiram com financiamento público. Um exemplo é o imóvel no bairro Itararé, arrematado por R$ 57 mil reais. O débito do mutuário deste imóvel era de R$ 749,99.
A Emgerpi começou a chamar os mutuários inadimplentes em dezembro do ano passado. Dispensou juros e multas, deu grandes descontos nos pagamentos à vista e parcelados e ainda dividiu os débitos em até 120 vezes.
A presidente da empresa, Lucile Moura, foi pessoalmente a vários bairros e conjuntos de Teresina e do interior, nos encontros chamados de ‘Emgerpi Esclarece’. Conversou com mutuários, ouviu as dificuldades e, muitas vezes, aceitou as propostas apresentadas por eles. Muitos desses bairros receberam portarias específicas como é o caso dos conjuntos Morada Nova e Renascença.Foram mais de 30 portarias contendo prazos e condições especiais de pagamento. A Emgerpi chegou a montar postos de atendimentos em alguns bairros para facilitar a vida do mutuário.
Os ocupantes dos imóveis também tiveram oportunidade de regularizar sua situação. Em maio deste ano, mais de duas mil pessoas foram convocadas e, caso comprovassem que moravam há mais de dois anos no imóvel, poderiam assumir a dívida e se tornar seu legítimo dono.
Os editais de convocação começaram a ser publicados em março deste ano. No mês de agosto, foram divulgados os endereços de 234 imóveis que estavam aptos a participar do Leilão. Seguindo a legislação, a Emgerpi assegurou que as pessoas pudessem comparecer à Casa do Mutuário até 48 horas antes da venda para resgatar seu imóvel, através do pagamento da dívida. Muitos mutuários pagaram as dívidas e garantiram a posse de seus imóveis.Quinze imoveis foram retirados da lista do leilão por decisão judicial.
Quem não procurou a Casa do Mutuário perdeu o imóvel. Sessenta e duas casas e apartamentos em conjuntos como João Emílio Falcão, Bela Vista e Itararé foram a leilão e 39 foram arrematados, como é o caso do imóvel do Itararé vendido por mais de cinqüenta mil reais. De acordo com a portaria nº 30/2008, este mutuário poderia ter parcelando o débito de R$ 749,99 em até 14 meses ou efetuar o pagamento à vista, se livrando de juros e multas. Neste caso, resultaria em um montante de R$ 50,76.
“Foram dadas diversas oportunidades para que estas pessoas regularizassem a situação do imóvel. É necessário que a população que adquiriu casas construídas com o dinheiro público se conscientize que outros cidadãos só poderão ter o mesmo benefício se o pagamento for efetuado”, lembrou a presidente da Emgerpi Lucile Moura.
Vindo de uma cidade do interior para seguir seus estudos em Teresina, o jovem Bruno Lages, teve hoje um motivo a mais para estar feliz. Acompanhado de sua mãe, ele compareceu ao Leilão da Emgerpi e arrematou um dos imóveis que estava sendo comercializado. A partir de agora, ele não vai mais precisar morar na casa de parentes como vinha acontecendo. “Nada mais justo que, assim como eu, outras pessoas que precisam de um imóvel, possam adquiri-lo de alguém que não teve como arcar com a despesa”, declara o estudante. Sua família arrematou, por R$ 25 mil reais, uma casa que também fica no Bairro Itararé.
Os imóveis que não foram arrematados vão ser leiloados no próximo leilão que deve acontecer em vinte dias, já que o prazo dado pela Justiça para que os mutuários inadimplentes que entraram com ações judiciais resolvam suas pendências é de 15 dias. Os mutuários desses imóveis ainda podem procurar a Casa do Mutuário para a quitação de débito.