Na cidade de Ilha Grande do Piauí, situada na região litorânea do Estado, mais de 180 mulheres fizeram do laborioso ofício de tecer as rendas um dos alicerces do sustento familiar. Em 1994, elas resolveram fundar a Associação das Rendeiras que, este ano, recebeu um belo presente dos Governos Federal e Estadual: A reforma completa da sua sede. A obra está sendo executada pela Empresa de Gestão de Recursos do Piauí (Emgerpi).
As renderias estavam vendendo suas confecções em um prédio da paróquia do município porque não tinham condições de ficar na antiga sede. O novo prédio dispõe de dois andares onde já estão funcionando um centro de produção e a loja para comercializar os produtos.
Através de um acordo feito entre a Emgerpi e a paróquia, ficou estabelecido que o prédio vizinho à nova sede dará lugar a um estacionamento e uma lanchonete para a Associação das Rendeiras. Isso será feito assim que a Emgerpi concluir a construção de uma nova paróquia, em terreno da Igreja.
“Esta ação foi maravilhosa, pois valoriza o cliente que agora tem uma loja mais bonita e confortável. Além disso, com o estacionamento, nós ficaremos menos preocupadas com os veículos dos turistas”, enfatiza Socorro Freitas, que é uma das integrantes da associação. Segundo ela, o período que mais há visitantes em busca dos produtos do Morro da Mariana são os meses de dezembro, janeiro e fevereiro.
A associação também ficou conhecida como Associação das Rendeiras do Morro da Mariana em homenagem ao nome do bairro que deu origem à cidade. Socorro Freitas explica que a renda de bilro sempre fez parte da cultura local, sendo transmitida de geração para geração.
“Aqui é comum o ato de tecer a renda, porém trabalhávamos em casa e de uma forma desorganizada; quando nos unimos, ficamos mais fortes”, declara Socorro Freitas, que possui 46 anos e teceu os primeiros fios ainda criança, aos sete anos.
No início, a produção das rendeiras se resumia a artigos domésticos, como tolhas de mesas e panos de prato. Em meados do ano 2000, o renomado estilista Walter Rodrigues conheceu o talento das mulheres do Morro Mariana e, com seus conhecimentos técnicos, abriu a mente das rendeiras para que elas ampliassem seu horizonte de atuação.
A partir daí, até pulseiras e brincos passaram a ser produzidos em Ilha Grande e o trabalho da associação ganhou o mundo. Hoje, elas chegam a exportar a produção para países como Holanda e França.
Como exemplo do prestígio das rendeiras, durante a posse para o segundo mandato do presidente Lula, a primeira-dama Marisa Letícia utilizou um vestido confeccionado pelo estilista Walter Rodrigues que trazia peças em bilro que foram produzidas por 25 rendeiras da associação.
A obra do prédio da paróquia já está em andamento e, assim que for concluída, serão iniciados os trabalhos para a construção do estacionamento e da lanchonete da associação. A previsão é que tudo esteja pronto até o mês de fevereiro.
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