Por Thaís Araújo
Ainda criança, Valdene de Jesus ajudou a construir o Conjunto Nova Teresina, erguido em regime de mutirão e entregue à população no ano de 1995. Hoje, com 23 anos e dois filhos para criar, ela sofre com o problema dos alagamentos em sua moradia, onde, há quase 20 dias, a água alcançou mais de meio metro e ela teve que se abrigar na casa dos seus pais, que estão entre os primeiros moradores do conjunto.
Como Valdene, mais 27 pessoas sofrem com o problema, que segundo eles, se agrava a cada ano: com o desmatamento da área que contorna o conjunto, a água das chuvas vai em direção a essas casas, que estão na parte mais baixas. Além disso, o que era para ser um benefício tornou-se outro vilão: o calçamento da rua, feito pela Prefeitura de Teresina, acima do nível das casas, dificultou a situação e alguns moradores já começam a deixar suas casas com medo de desabamentos.
“Estou há três semanas sem dormir monitorando a água que entra em casa e tenho medo de sair e encontrá-la alagada. Com tanta chuva, o piso já está cedendo”, enfatiza Gilmar Silva, que vive no Nova Teresina com sua mulher e dois filhos.
Sensibilizado com a situação da comunidade, o governador Wellington Dias solicitou, em caráter de urgência, que a Empresa de Gestão de Recursos do Piauí (Emgerpi) incluísse essas moradias no Programa de Melhoria Habitacional (PMH), criado pelo Governo do Estado para fazer reparos em imóveis construídos com o dinheiro público e destinado a famílias de baixa renda.
Na manhã desta quinta-feira (29), a equipe do programa - composta por assistentes sociais e engenheiros - visitou as casas e se reuniu com lideranças da comunidade. A previsão é que os recursos sejam liberados imediatamente e as obras iniciem na próxima semana.
“Esse é o único bem que eu tenho e é o local onde minha família se sente feliz; espero que esse projeto venha logo, pois já estava perdendo a esperança de que esse problema fosse resolvido”, desabafa Valdene de Jesus.
Assim como ela, sua vizinha Luzia Pinheiro, também abandonou seu imóvel e está morando de favor na casa de vizinhos. “Perdi quase todos os meus móveis e o que sobrou está na casa de outra pessoa; não desejo o para ninguém o que passei e espero que as providências sejam tomadas para que eu volte a ter uma vida normal”, comenta a dona de casa.
A equipe da Emgerpi vai atualizar o cadastro que foi entregue por José Borges, presidente da Associação de Moradores do Bairro Aroeiras, que engloba o Conjunto Nova Teresina. “Vamos concluir o cadastro amanhã e enviar um relatório sobre as necessidades da população para a presidente da Emgerpi”, concluiu a assistente social, Ana Cleide Borges.
As casas construídas em regime de mutirão no Conjunto Nova Teresina somam 412.