O projeto Jovem Aprendiz foi implantado na Emgerpi em 2008 e é desenvolvido em parceria com a Secretaria Estadual de Assistência Social do Estado (Sasc) e Ação Social Arquidiocesana (Asa). Eles são responsáveis pela seleção dos menores.
O foco principal do projeto são jovens em situação de vulnerabilidade social e econômica. No início eram 23 jovens, atualmente, a empresa conta com cerca de 84 garotos e garotas que, através do projeto, têm a oportunidade da primeira experiência no mercado formal de trabalho.
Luis Fernando Santos, 17 anos, é um desses jovens que encontrou uma oportunidade de trabalho e de mudar de vida. Ele percebeu que o que era “legal e da hora” estava longe de parecer com a vida que levava, com os conceitos que possuía. Internado mais de uma vez no antigo CASA (Complexo de Apoio Social ao Adolescente), Luís viu um namoro quase terminado e a avó que lhe criou passando pro sérios problemas de saúde. Decidiu que queria mudar. E mudou. Hoje é um jovem trabalhador.
*Luís Fernando
Luis afirma: “Hoje tenho família, um filho e o início de um caminho profissional. Antes não valorizava esse tipo de coisa. Esse pensamento só comecei a ter depois de saber o que era trabalhar e ter responsabilidade”.
A avó de Luis, Joana Batista, lembra dos momentos difíceis que passou com o neto. Ela conta que nunca esqueceu a primeira vez em que Luís teve que ser internado no antigo CASA.“Não é fácil ver alguém que você criou desde que nasceu numa situação daquela. E acrescenta: “só quem conheceu o Luís Fernando antes, sabe como ele mudou. É outra pessoa. Fico feliz por ver que meu neto começar a se tornar um homem de verdade”, diz vibrando.
Com mais de um ano na Emgerpi, Cleidjan da Silva, 17 anos faz planos e vislumbra uma carreira profissional na área de ciências. Pelo menos é o sonho da vez. “Concluí o ensino médio este ano. Tenho sempre muitas dúvidas de que profissão seguir. Poder estar num ambiente de trabalho, receber dicas, ter responsabilidade, tudo isso me ajuda a ver como é importante trabalhar”, detalha.
* Cleidjan
A presidente Lucile Moura explica que a Emgerpi como é uma empresa de economia mista tem obrigação de investir em ações sociais e uma dessas ações é o trabalho com esses jovens aprendizes. Empolgada com o resultado desse trabalho, Lucile afirma: “ Eu sou capaz de apostar como esses meninos que se envolveram com o crime não voltam mais para a marginalidade. Aqui eles tiveram a oportunidade de ver um outro lado do mundo, onde é possível receber dedicação e conhecimento e estão aproveitando essa oportunidade e dando bons resultados para a empresa”.
Amparado por órgãos legais, como o Serviço de Estágio(SE) e a DRT (Delegacia Regional do Trabalho), o projeto obedece a todas as disposições contidas na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) para a contratação de menores de idade, como jornada diária, remuneração e exigência de freqüência escolar.
Para participar é preciso estar devidamente matriculado em uma instituição de ensino. Os jovens recebem meio salário mínimo e vale transporte e cumprem uma jornada de trabalho diária de quatro horas.
Com uma história mais delicada, a menor de iniciais L.F.S.S, teve momentos rodeados de sérias complicações. Vítima de violência sexual, engravidou. Hoje é mãe e faz questão de afirmar que aquele fato triste do passado não foi justificativa para a desesperança. “Eu segui em frente e agora com meu trabalho, com meu dinheiro, posso ajudar nas despesas de casa. Trabalhando, posso criar bem meu filho e aprender muito, para as próximas experiências”, planeja.
O diretor Administrativo e Financeiro da Emgerpi, José Dutra, tem quatro jovens aprendizes em sua equipe. Segundo ele, a convivência diária com esses jovens resulta também em um vinculo afetivo. “Eles me chamam de ‘chefe’, mas é brincando. Temos uma relação muito harmoniosa. Se depender de mim, esse projeto não acaba nunca. Ele é formidável e, ressocializar por meio do trabalho, eleva a auto estima deles”. Dutra enfatiza ainda : “as meninas que ficam na minha diretoria são muito desenroladas. Têm uma capacidade muito grande de aprender. Algumas delas , tenho certeza, se eu der alguma tarefa mais difícil, vão fazer, sim, vão conseguir realizar.”
Por Regina Oliveira e Michele Sales