Vilanir Bezerra, professora, mora há 26 anos no Povoado Algodões I, a cerca de 20 km da cidade de Cocal, onde fica localizada a Barragem Algodões, construída a quase uma década. Ela conta que em todo esse tempo nunca tinha visto o reservatório tão cheio. “Nós ficamos preocupados com a possibilidade da força das águas romper a parede”, conta.
A preocupação de Vilanir, assim como dos outros moradores do povoado e região vizinha, começou a diminuir a partir desta quinta-feira (07), quando uma equipe de engenheiros da Empresa de Gestão de Recursos do Piauí (Emgerpi), que já vinha analisando soluções, esteve no local com o objetivo de realizar intervenções em pontos de risco da estrutura do reservatório a fim de evitar um possível rompimento. “Nossa equipe está trabalhando desde o início da semana para solucionar essa questão e não permitir que á água penetre no paredão, o que iria fragilizar a estrutura”, conta o engenheiro da Emgerpi Carlos, acrescentando que nas últimas 24h a variação do nível das águas do reservatório "foi normal".
Para isso, já está sendo adotada uma série de medidas que visam a segurança da barragem: preenchimento das infiltrações, que estão localizadas entre o topo da barragem e o muro de concreto; perfurações em pontos precisos para drenar a água e colocação de uma espécie de filtro investido no fundo do sangradouro para impedir o escoamento de material natural para o muro do sangradouro.
Ou seja: “Toda a mão de obra e material necessários estão sendo disponibilizados. O processo não é simples, mas vai solucionar o problema até que as chuvas cessem. É importante que as pessoas procurem ficar calmas”, sinaliza Lucile Moura, que também esteve presente no local. Ela acrescenta que “também está sendo feito um estudo de reestruturação da barragem, a qual apresenta erros desde sua construção pela antiga Comdepi”.
A Geo Projetos e Emgenharia, empresa de consultoria do Rio de Janeiro, foi contratada para realizar a análise de uma nova estrutura para a Barragem Algodões. O representante da empresa, Sidney Reis, que é geotécnico e especializado em barragens e solos, conta que este é um momento de “reparos que deverão evitar o rompimento da parede. A partir do segundo semestre, iniciamos os trabalhos mais aprofundados”, diz Sidney, que deverá auxiliar no processo de intervenções que serão feitas no reservatório e no muro da barragem.
Assim como a professora Vilanir, o agricultor Raimundo de Araújo, pai de três filhos, confessou estar mais tranqüilo sabendo que estão sendo tomadas medidas preventivas na barragem Algodões, que este ano pode sangrar pela 1ª vez. “Gosto muito desse lugar aqui, não quero sair. Pelo jeito não vai acontecer nada de grave; tenho filhos, minha mulher; agora fiquei mais tranqüilo”.