Delicada, porém necessária, é a situação de remoção das famílias ribeirinhas que moram na área que compreende a Barragem dos Algodões I e outras localidades vizinhas à cidade de Buriti dos Lopes.  Uma extensão onde existem cerca de 20 comunidades e povoados.

Estas famílias estão sendo retiradas no local desde a última quinta-feira (06). Sendo que o trabalho mais intenso iniciou ontem e durante todo este sábado. Os trabalhos estão sendo realizados pela equipe de assistentes sociais da Emgerpi, juntamente com a prefeitura de Cocal,Buriti dos Lopes, além do Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Defesa Civil.Numa primeira etapa, de forma mais intensa, estão sendo removidas aquelas famílias que estão mais próximas à barragem.

Trata-se de uma medida preventiva, já que água da barragem deverá escoar de maneira controlada , a partir das intervenções do trabalho de engenharia. “Sangrar é normal. Estamos trabalhando no sentido de fazer com que a água escoe pelo córrego até o rio Piranji de forma gradativa.E essas casas forma construídas muito próximas a essa passagem, por isso é preciso cautela ”, ressalta Basílio Pereira, engenheiro.

 “As pessoas não precisam ficar nervosas, essa é uma medida de precaução. A situação da barragem não é simples e com a possibilidade de escoamento de água, as casas podem e já estão ficando alagadas”, conta a assistente social Mardionísia Rocha.

Solidariedade faz a diferença

A assistente social Mardionísia destaca ainda a solidariedade que vem presenciando em meio a população. “É muito importante esse sentimento. As pessoas tem se mostrado disponíveis e sensíveis a este momento. A palavra chave ”, conta.

De acordo com levantamento parcial da equipe de assistentes sociais da Emgerpi, Polícia Militar e prefeitura de Cocal, aproximadamente 350 famílias já foram removidas. A maioria está instalada em unidades escolares estaduais e municipais; e outras buscaram o auxílio de familiares e amigos.

É o caso de Lúcia Araújo, agricultora, divorciada, três filhos. Com receios justificáveis e muita coragem, ela  selecionou o que era possível levar no caminhão: alguns móveis, colchão e brinquedos. “Vou levando também umas galinhas, para garantir”, brinca. “O mais importante mesmo – meus filhos -  já está aqui junto comigo. E se Deus quiser, vamos voltar logo para nossa casa”, fala,com  uma fé e esperança  que desconcertam.

No caso de Francisca Sousa foi preciso enfrentar um trajeto mais longo e a situação, mais tensa. Morando com dois filhos e o marido, José de Sousa, na comunidade Dom Bosco, Francisca preferia não deixar a casa. “É difícil, mas a gente sabe que é melhor prevenir do que remediar”, exclama.

Dezenas de caminhões e veículos diversos auxiliam na remoção de pessoas e os móveis que forem possíveis. Fazendo vários fretes durante o dia, Chico do Doca, aposentado, faz questão de dizer que “ajudar não cansa, só é ruim quando a gente luta para trazer gente que insiste em ficar”, pontua.

Segundo Mardionísia, é comum encontrar resistência, mas aos poucos as famílias mais próximas à área de risco estão sendo retiradas. “Estamos conversando e conscientizando as pessoas. Com a ajuda da PM e dos bombeiros o trabalho facilitou”.

PM e Corpo de Bombeiros facilitam retirada das famílias

Ao todo, 32 homens da Polícia Militar, além de uma equipe de seis do Corpo de Bombeiros, estão trabalhando na retirada das famílias e em possíveis resgates. “No que for preciso, vamos ajudar”, garante o tenente Lima.

Por conta das constantes chuvas, algumas áreas estão isoladas e famílias, ilhadas. Nesse sentido, o corpo de bombeiros deve atuar com barcos e conhecimentos específicos, como afirma Capitão Veloso: “Nos lugares onde carro não entra, temos lanchas para realizar o trabalho de remoção”.