Por determinação do governador Wellington Dias, toda a estrutura do Estado foi mobilizada para o resgate de pessoas que tenham ficado isoladas após o rompimento da Barragem Algodões I, no Rio Pirangi, em Cocal da Estação, 268Km ao Norte de Teresina. O Governo tem um cadastro com todas as famílias que estavam na área afetada. Ele disse, antes de embarcar em um avião Beachcraft King Air C90A para o município, pouco antes das 8h, desta quinta-feira, 28, que a prioridade é localizar pessoas isoladas e fazer o resgate, trabalho que será feito até o fim da tarde.
Ele disse que, por volta das 14h30 de ontem, 27, equipe de técnicos e engenheiros que trabalham na barragem perceberam que o nível das águas do reservatório estavam subindo rapidamente. Wellington Dias estava em Uruçuí e autorizou situação de alerta. Ele explicou que o súbito aumento das águas na região foi consequência de fortes chuvas no interior do Ceará.
Wellington Dias, que viajou acompanhado do coronel Alexandre Luca, da Defesa Civil Nacional, afirmou que, à noite, conversou com o governador do Ceará, Cid Gomes, que explicou ocorrência de fortes chuvas durante as 72 horas anteriores, o que originou a tromba d’água que agravou a fissura entre o sangradouro e a parede da barragem. Enorme volume de água rompeu a barragem, criando um rombo de 50m de extensão e avançou para além das margens do Rio Pirangi, destruindo casas e derrubando postes.
Mobilização
Instantes depois, as águas cobriram trechos da BR-343, impedindo o trânsito de carros de Cocal da Estação até 80Km a partir do posto da Polícia Rodoviária Federal em Parnaíba. Motoristas que iam para o litoral foram orientados a voltar por Esperantina. Veículos que chegavam em Piripiri eram orientados a ir pelo povoado Alto Alegre e retornar por Joaquim Pires, para então seguir rumo ao Norte.
Em Buriti dos Lopes, onde a água chegou mais tarde, foi possível prevenir a prefeita Francisca Ivana Aguiar Santos para retirar moradores da região em risco e por esse motivo, segundo o governador, a situação foi menos traumática. O governador disse que ainda há preocupação com grande volume de água que desce pelo Pirangi, vinda do Ceará.
Mais de 10 mil pessoas estavam na região durante o primeiro alerta de rompimento, no começo do mês. Elas foram removidas para lugar seguro, mas nos últimos dias, as águas baixaram, foram feitas obras de reparo e a situação foi tida como “mais confortável”. Com isso, houve o retorno de pessoas para suas casas, trazendo seus pertences. O governador disse que há testemunhos de pessoas que queriam fugir da águas que se aproximavam e tentaram se segurar em árvores para não serem arrastados, mas as próprias arvores foram arrancadas pelas águas. Ainda durante a noite, algumas pessoas que sinalizaram com lanternas foram localizadas e resgatadas da região do desastre.
O Estado mobilizou todos os prefeitos da região. Ambulâncias foram deslocadas para a região e o governador pediu ao prefeito de Teresina, Sílvio Mendes, que autorize plantão permanente no Hospital de Urgência Dr. Zenon Rocha, na capital. Ele também determinou que o Hospital Getúlio Vargas, o maior do Estado, reserve leitos para receber feridos. Também mobilizou hospitais em Parnaíba.
Resgate
O governador disse que o Estado mobilizou cinco helicópteros, sendo um do Estado, outro do Governo do Ceará, um alugado em Fortaleza (CE), um da Defesa Civil Nacional e outro da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). Com as aeronaves, equipes de resgate devem percorrer cerca de 80Km ao longo do Pirangi até onde o rio deságua no Rio Parnaíba, para localizar e resgatar pessoas que estejam feridas ou isoladas. Até o embarque do governador, não havia notícias de mortes associadas ao incidente.
Wellington Dias afirmou que conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e como o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, e com a secretária Nacional de Defesa Civil, Ivone Valente. Eles enviaram dois técnicos ao Piauí. Um deles, o coronel Alexandre Luca, viajou com o governador para Cocal da Estação. O outro técnico é o Major Luiz Antônio Soares, que ficou em Teresina.
Controle da vazão dos rios
O governador Wellington Dias afirmou que o episódio Algodões I leva o Estado a repensar seu sistema de rios e barragens. Ele disse que o Estado não exerce controle sobre eles e desde as enchentes do ano passado as autoridades estudam adotar um sistema regional de controle.
A Chesf já controla a vazão do rio Parnaíba, mas chuvas originadas no Ceará fazem transbordar rios piauienses como o Longá e o Poti. “Temos que refletir a respeito. Temos feito nossas barragens ao longo dos anos sem sangradouros. Creio que temos que construir barragens que ofereçam segurança até mesmo em grandes enchentes”, ponderou.
Fonte: Ccom