Thaís Araújo e Michele Sales, de Cocal
“Quando voltou, todo mundo começou a gritar de felicidade!”. Essa frase, dita pela pequena Daniela Silva, 11 anos, traduziu o sentimento geral da população de Cocal da Estação na noite desta segunda-feira (01), quando a energia elétrica foi restabelecida na Zona Urbana do município. Com sua família afetada pela enxurrada das águas de Algodões I, Daniela está com seus pais e sua irmã na Unidade Escolar Pinheiro Machado, um dos cinco abrigos organizados no município para receber as famílias atingidas pelo desastre.
A volta da energia trouxe mais alívio à população que está em abrigos. Somente nessa escola, são 42 famílias acolhidas, sendo que uma delas é a de Maria Odete Oliveira, que morava na Comunidade Cruzinha. “A gente estava à luz de velas já fazia cinco dias; para quem perdeu casa, móvel, roça e bicho, ficar na escuridão só piorava o sentimento ruim. Agora deu pelo menos um alívio”, comenta.
Para Flávio Cardoso, diretor do colégio e responsável pela coordenação do abrigo, com o restabelecimento da energia elétrica é possível oferecer uma rotina mais segura e confortável para os desabrigados. “Podemos armazenar alimentos, ter televisão, ventilador, as assistentes sociais podem passar vídeos para as crianças,enfim, dá para descontrair e fazer com que essas pessoas tenham um ambiente mais adequado para ficar”, explica.
O restabelecimento da energia foi agilizado pela Cepisa a partir da abertura de acessos feito pela Empresa de Gestão de Recursos do Piauí (Emgerpi). “Foi feito um novo acesso na estrada de Cocal a Frecheiras de uma extensão de 1m e meio, com colocação de postes e fiação; a única dificuldade para o trabalho era a estrada, que foi viabilizada pela Emgerpi”, comenta Antônio Rebêlo, técnico da Cepisa.
Assistência aos abrigos
Nos abrigos, o trabalho de amparo é feito por assistentes sociais, psicólogos e voluntários. A ação é para assegurar que as famílias recebam o apoio necessário para continuar a vida, após o trauma e os prejuízos financeiros e pessoais causados pelo rompimento do reservatório de Algodões I. Somente a Emgerpi mantém oito assistentes sociais no município, sendo que em cada um dos abrigos há uma profissional responsável.
A família de Antônia Maria Ferreira é uma das abrigadas no colégio Pinheiro Machado. Com a orientação de que as pessoas que moravam a até 100m do leito do rio Pirangi não deveriam voltar para suas casas, ela continuou na escola, com o marido André Ferreira Machado e a filha de 5 anos, Andréia Ferreira Machado.
“A gente ficou com vontade de ir, mas parece que eu sentia que isso ia acontecer e resolvemos não voltar”, conta. “Se não fosse a força que as assistentes, o psicólogo e os voluntários estão dando, desde o começo desse problema todo, acho que a gente não tinha agüentado”, diz.